sexta-feira, 26 de março de 2010

Picos da Europa - Homenagem a Pedro Pidal


Os valores e o simbolismo associado às montanhas não se esgota no conjunto de recursos naturais e paisagísticos que estas encerram. A elas estão inseparavelmente ligados homens e mulheres que, pelo seu esforço e dedicação, permitiram manter estes espaços como os últimos redutos selvagens num mundo ainda pouco sensível a esta problemática. O asturiano Pedro Pidal foi um desses visionários, cujo esforço e dedicação levaram, em 1918, à criação do Parque Nacional da Montanha de Covadonga, o primeiro espaço natural peninsular e dos primeiros da Europa com esta categoria. Setenta e sete anos depois iria ser incluído no actual Parque Nacional dos Picos da Europa, um dos lugares mais singulares da geografia Ibérica.Para além de político, Pedro Pidal era um montanheiro bem treinado. A 5 de Agosto de 1904, acompanhado pelo pastor Gregorio Perez "El Cainejo", logrou atingir pela 1ª vez o vértice do mítico Naranjo de Bulnes, transformando-os nos pioneiros da escalada em Espanha.O seu último desejo foi cumprido em 1949, ano da sua morte. O seu corpo foi sepultado sob os rochedos de Ordiales, em plena Montanha de Covadonga, ligando-o para sempre a este local magnífico pelo qual lutou durante a sua vida.Prestemos-lhe, então, a devida homenagem...O início da caminhada tem lugar junto às margens do Lago Enol que, juntamente com o Lago Ercina, formam os conhecidos Lagos de Covadonga, autênticos cartões de visita do Parque Nacional dos Picos da Europa.

LAGO ENOL
Contornando a margem direita do referido lago, surge um estradão de terra batida que vai percorrer a ampla Vega de Enol, onde um tapete de erva verdejante serve de pasto a dezenas de cabeças de gado, “salpicado” aqui e ali por conjuntos de cabanas que servem de refúgio aos pastores e animais, quando as agruras do clima obrigam ao recolhimento.
VEGA DE ENOL
À nossa esquerda podemos contemplar a Capela do Bom Pastor, onde, a 25 de Julho, se celebra a Festa do Pastor.

CAPELA DO BOM PASTOR
Após cerca de 2,5 Km quase em plano, atingimos um desvio à esquerda que devemos seguir, alcançando uma zona denominada Pan de Cármen, coincidindo com o término do estradão. A utilização do carro até este ponto está autorizada, o que constitui uma opção bastante atractiva, dado que encurta a distância total da caminhada em cerca de 5 Km.Antes de iniciarmos a caminhada propriamente dita, a visita ao Mirador del Rey (1075 m) torna-se obrigatória. Para isso basta seguir em frente no desvio referido anteriormente e caminhar cerca de 500 m até atingirmos o afamado mirador. A paisagem que se abre aos nossos pés deixa-nos sem respiração… Um amplo faial maduro denominado Bosque de Pome, rasgado pelas águas revoltas dos rios Pomperi e Pelabarda, “despenha-se” até aos 650 m de altitude, onde atinge a convergência com o canhão do Dobra!
BOSQUE DE POME
Partimos de Pan de Carmen por um estradão largo que desce suavemente pelo meio do bosque, até alcançarmos a ponte sobre o rio Pomperi. Encontramo-nos no denominado Pozo del Aleman onde, rezam as crónicas, o importante investigador alemão dos Picos, Roberto Frasinelli, costumava deliciar-se nas águas límpidas do rio Pomperi.

POZO DEL ALEMAN
A partir daqui o caminho ascende pela margem contrária, surgindo à nossa esquerda uma fonte de águas límpidas, atingindo em poucos minutos a Vega La Piedra, onde está implantado um conjunto de cabanas para apoio ao gado e aos pastores. Este local encontra-se assinalado por um imponente bloco rochoso calcáreo, o qual teremos de contornar.

VEGA LA PIEDRA
Aqui podemos apreciar alguns símbolos místicos da arquitectura popular do norte de Espanha, nomeadamente os chamados “espanta brujas”, pequenos blocos de pedra com forma pontiaguda colocados na parte superior das chaminés e destinados a afastar visitas indesejadas…
ESPANTA BRUJAS
Atingimos mais uma vez um novo desvio, devendo seguir pela esquerda por um trilho bastante irregular. À nossa frente abre-se um vale de relevo suave -a Vega de Canraso-, sulcado pelas águas tranquilas de um pequeno regato, cuja cabeceira será o nosso próximo destino.

VEGA DE CANRASO
Junto ao nascimento do regato encontramos mais um agrupamento de construções primitivas denominado La Rondiella.
LA RONDIELLA
Após um ligeiro esforço suplementar terminamos a primeira grande subida. Estamos no Collado Gamonal, a partir do qual podemos, em dias limpos, contemplar a enorme muralha de cumes, picos e agulhas que formam o tecto do Maciço Ocidental dos Picos da Europa! Entre outros destacam-se as imponentes Torres de Cebolleda (2445 m), Torre de Santa Maria (2486 m) e a Torre de Enmedio (2467 m).O impacto deste lugar inóspito é cortado subitamente pelo cheiro a lenha queimada emanado pela chaminé do Refúgio de Vegarredonda, um pouco mais abaixo, que nos convida para uma refeição quente!

REFÚGIO DE VEGARREDONDA
Depois de nos despedirmos dos simpáticos guardas do refúgio e dos amistosos cães-pastor que o guardam, seguimos o nosso caminho. Deparamo-nos com um novo cruzamento, devendo seguir o trilho que se dirige para ocidente. A outra opção, passando junto ao antigo refúgio, agora desactivado, levar-nos-ia ao coração do maciço, a lugares belíssimos como o Jou Santu, Jou Lluengu, autênticas plataformas para realizar difíceis escaladas aos vários cumes circundantes.

REFÚGIO DESACTIVADO E CUMES DO M. OCIDENTAL
A dura subida que se segue, zigzagueando por entre um caos de blocos calcáreos -Cueñe Cerrada-, obriga a cuidados reforçados.No fim da mesma, olhando para trás, o refúgio de Vegarredonda aparece-nos como um pequenino ponto milimético no meio das rochas, assinalado pelos latidos dos canídeos que seguiram atentamente a nossa dura ascenção.
VEGARREDONDA
O sector que se segue , bastante mais plano, cruza na diagonal os chamados Campos de Torga. À nossa direita podemos contemplar o escarpado vale do rio Junjumia, que se lança encosta abaixo antes de atingir o curso do Dobra.

CAMPOS DE TORGA
Encontramo-no já muito próximos do nosso destino quando alcançamos um amplo prado, onde se encontram as ruínas do refúgio ICONA, propriedade do extinto Instituto para a Conservação da Natureza.

REFÚGIO ICONA
Para o caminheiro mais atento, os grupos de camurças (Rupicapra rupicapra) que vagueiam por estas paragens tornam-se facilmente visíveis, transmitindo a sensação de estramos num ambiente verdadeiramente selvagem.
CAMURÇAS
Uma curta subida separa-nos do tão ansiado destino! Ainda estamos ofuscados com a imponência dos picos que recortam o horizonte, quando, subitamente, o chão se abre sob os nossos pés… Lá bem no fundo, 1000 m abaixo, o Vale de Amieva mostra-se em todo o seu esplendor, fracturado pelas águas selvagens do Dobra e dos seus tributários... Absolutamente indescritível...
VISTAS DO MIRADOR DE ORDIALES - M. OCIDENTAL
VISTAS DO MIRADOR DE ORDIALES - VALE DE AMIEVA
Depois de tantas emoções só nos resta, em silêncio, agradecer ao guardião deste lugar maravilhoso os seus valiosos préstimos, que permitiram à nossa geração desfrutar deste reduto ainda selvagem!Termino com a transcrição de uma frase de Pedro Pidal, gravada na pedra do seu túmulo e que resume na perfeição o verdadeiro Espírito da Montanha:
" Nosotros, enamorados del Parque Nacional de la Montaña de Covadonga, en él desearíamos vivir, morir y reposar eternamente; pero, esto último, en Ordiales, en el reino encantado de los rebecos y las águilas, allí donde conocimos la felicidad de los Cielos y de la Tierra, allí donde pasamos horas de admiración, emoción, ensueño y transporte inolvidables, allí donde adoramos a Dios en sus obras como Supremo Artífice, allí donde la Naturaleza se nos apareció verdaderamente como un templo"
TÚMULO DE PEDRO PIDAL

quinta-feira, 25 de março de 2010

Urso-pardo Cantábrico

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URSO-PARDO CANTÁBRICO ESTÁ
EM FRANCA RECUPERAÇÃO NO NORTE
DA PENÍNSULA IBÉRICA.














O censo das fêmeas de urso-pardo cantábrico (ursus arctos) com crias do ano que decorreu durante a passada primavera nos principais maciços montanhosos do norte de Espanha, continuou a revelar a tendência de crescimento desta espécie emblemática, a qual se tem verificado nos últimos anos. Os números foram revelados recentemente pelo Director Geral da Biodiversidade do Governo Asturiano, apoiado por diversas ONG´s idóneas, que acompanham passo-a-passo os plantígrados no seu habitat natural e que têm implementado um grande número de projectos de conservação para a espécie. As estimativas avançadas indicam que o número de ursas com crias triplicou entre 1989 e 2007, o que confere um "optimismo moderado" para a conservação da espécie. Os dados avançados falam de 21 progenitoras com 39 crias, batendo todos os recordes desde os primeiros censos que tiveram lugar no início da década de 80.Os resultados foram particularmente impressionantes para a denominada "população ocidental", com 18 ursas e 34 crias. Relembro que a população ursina da Cordilheira Cantábrica se encontra fragmentada desde há várias décadas pelo chamado corredor de Huerna, onde existe uma grande infra-estrutura viária que liga as Astúrias à Meseta. Até agora e apesar dos esforços, ainda não foi possível de forma eficaz unir as duas populações, sendo que a "população oriental", muito mais pequena e, portanto, mais sujeita aos efeitos da consanguinidade, corre sérios riscos de desaparecer a curto prazo se não houver intercâmbio genético entre as mesmas.










De qualquer forma, existem indícios objectivos que comprovam o alargamento progressivo da área de distribuição do urso. A oriente têm surgido nas últimas semanas vários relatos de observações de indivíduos em vales previamente não ocupados, nas províncias de Palência e na Cantábria. A norte foram fotografados a somente 10 km´s de Oviedo e junto à costa. A sul, surgem cada vez mais avistamentos nas montanhas próximas à cidade de Ponferrada e nos Ancares galegos, a menos de 100 km´s em linha recta do norte de Portugal...
As vertentes declivosas e fortemente arborizadas do Espaço Natural do Alto Sil albergam um dos mais importantes núcleos ursinos do Norte de Espanha
Apesar do moderado optimismo, importa realçar que o urso-pardo cantábrico ainda possui um estatuto de "perigo de extinção", pelo que o empenho das autoridades não deve esmorecer, de forma a restabelecer a estabilidade populacional deste super-predador tão singular da nossa fauna ibérica.

sábado, 20 de março de 2010

Limpar Portugal - A solidariedade venceu a adversidade atmosférica.

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Que Planeta deixaremos para os nossos filhos?
Onde está lixo, floresçam flores!
Onde está ódio, que nasça amor!
Dia 20, ao amanhecer:
Vento. Frio. Chuva, muita chuva.
Foi neste cenário que os 50 heróicos voluntários responderam ao apelo da Adefacec para se juntarem ao movimento solidário que se consolidou em torno da floresta, designadamente na serra da Freita. Protegidos por luvas e impotentes impermeáveis, foram Homens feitos meninos e meninos que recusam ser homens, que transportaram, em enormes sacos e desde o solo magoado da floresta, até aos camiões com destino à primeira estação de recolha de resíduos sólidos, um pouco de tudo. Com este simples e nobre gesto, transformaram, como por magia, pedaços de ódio e ingratidão em aveludadas e finas pétalas de carinho e eterna gratidão!
Foi dura a tarefa. Foi enriquecedor o resultado..
Dia 20, ao entardecer:
O vento amainou. Apareceram os primeiros raios de Sol.
Chegou a Primavera!
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No total, fomos 100.000 voluntários.
Actuamos em 11.000 lixeiras.
Recolhemos 70.000 toneladas de lixo!
AS FOTOS:




Participe.
Deixe ficar p.f. o seu comentário
Promoção de comportamentos de vida saudável e feliz
Adefacec2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

Limpar Portugal - Adefacec - 20 de Março - Noticias

Para o grande movimento nacional de solidariedade que se formou em torno da limpeza da floresta e intitulado "LIMPAR PORTUGAL" a Associação Desportiva e Cultural da Efacec - Adefacec, conseguiu, com uma atempada divulgação, fazer passar a mensagem e sensibilizar 70 voluntários. Este grupo, sairá, no Sábado pelas 08:00 da manhã do parque C da Efacec, rumo ao Merujal, onde se juntará a outros voluntários vindos sobretudo de freguesias vizinhas. Ao todo seremos mais de 250 pessoas! No local, estarão elementos da organização deste movimento solidário que nos vão dar as boas vindas e transmitir-nos algumas directrizes que deveremos seguir. Posteriormente, seremos transportados até aos locais que necessitem da nossa intervenção. Regressaremos, por volta das 12:30 para almoçarmos no restaurante do Parque de campismo "O Retiro da Freita". Após o almoço, continuaremos a nossa intervenção. Pelas 16:00 retornamos ao "Retiro da Freita" onde, após um retemperador duche, nos aguarda um não menos aconchegante merendeiro. Gostaria de, em nome da Adefacec e no meu em particular, deixar a todos uma palavra de enorme reconhecimento e agradecimento, por terem tido a possibilidade, delicadeza e sensibilidade de aderirem a este grande movimento nacional de solidariedade.

quinta-feira, 11 de março de 2010

O Florir da Primavera

Dia 10 de Abril apresentar-nos-emos no GEOPARK de AROUCA para desenvolvermos uma actividade de montanha com um programa inédito e que tentará aproveitar ao máximo algumas das potencialidades da região.
Desenvolveremos uma marcha de montanha que passará por PR's, pelo GR e também por trilhos não sinalizados. Serão 13 os kilómetros que percorreremos. Consideramos como médio/baixo o grau de dificuldade.

No "Retiro da Freita" - Parque de Campismo do Merujal - teremos à disposição de todos os interessados uma pista de obstáculos com:

- Ponte de paralelas
- Ponte Himalaias
- Ponte de troncos
- Ponte de tábuas
- Slide
- Rappel

Todas estas actividades serão acompanhadas por técnicos credenciados.

E como estamos numa região onde a variedade e a qualidade da gastronomia constitui uma referência, ainda teremos no final das actividades, oportunidade de nos deliciarmos com:
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- Sopa de castanhas com lentilhas (vegetais)
- Caldo verde
- Bacalhau Albardado
- Salada de polvo à moda da Freita
- Linguiça frita
- Pão de trigo
- Brôa de milho
- Bebidas.
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Será certamente mais uma jornada de montanhismo, onde alegremente mergulharemos num verdadeiro e salutar convívio, aliando à componente fisica todo o potencial energético que a montanha nos pode oferecer.
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Sábado, dia 10 de Abril, vamos festejar a Primavera na Serra da Freita, em pleno GEOPARK de AROUCA.
Promoção de comportamentos de vida saudável e feliz!
adefacec2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade

Novo regulamento do ICNB termina
com taxas das actividades desportivas
em áreas protegidas.

O novo regulamento de taxas a cobrar pelos serviços prestados pelo Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) exclui o pagamento das autorizações para a maioria das actividades desportivas e visitação das áreas naturais protegidas. O documento, que entra em vigor amanhã, vem substituir uma portaria de Outubro, que motivou protestos por parte de montanhistas.
A portaria, hoje publicada em Diário da República, excluiu o pagamento de taxas devidas pelo acesso e visita a áreas classificadas e isenta os pedidos de autorização para a realização de actividades de lazer e educação ambiental apresentados por estabelecimentos de ensino e por pessoas colectivas de utilidade pública. As únicas actividades desportivas que continuam a pagar uma taxa de 200 euros pela sua autorização são as de competição.Festivais de música e outros espectáculos e feiras têm também de pagar uma taxa ao ICNB, mas o regulamento isenta as actividades recreativas ou culturais relacionadas com romarias, procissões, festas populares e festejos locais.Este documento substitui uma portaria de Outubro que estabelecia as taxas a pagar por serviços prestados pelo ICNB, que foi suspensa em Dezembro, por um período de três meses, depois de vários protestos de montanhistas e praticantes de desportos de montanha, com especial incidência no Parque Nacional da Peneda-Gerês.O novo regulamento altera os critérios de cálculo do valor da taxa, eliminando grande parte das variáveis ao valor a aplicar existentes na anterior portaria. São também clarificados quais os actos e actividades sujeitos ao pagamento de taxas, desde logo através de isenções aos pedidos relativos às actividades agrícolas, florestais e de pastoreio cuja área de intervenção seja inferior a um hectare. Também os pedidos de autorização para a realização de trabalhos de investigação científica e de monitorização com interesse para a conservação da natureza e da biodiversidade são isentados do pagamento de taxas.

sábado, 6 de março de 2010

REDE SOCIAL - ADEFACEC

Foi criada pela Adefacec uma "Rede Social"
Trata-se de uma ferramenta deveras interessante.
Pretendemos que seja mais um meio de
divulgação, mas sobretudo de debate.
Clique em:
http://adefacec.ning.com/group/montanhismo


Para o Montanhismo criamos uma janela.
Pretendemos que lentamente, consigamos,
com debates participativos e sérios, deslumbrarmos
através dela, novas ideias e outros horizontes.
ACREDITO que com a participação de todos conseguiremos,
num futuro próximo, abri-la de par em par!

Está desde já convidado a
inscrever-se como membro