Sempre que a disponibilidade o permita, tentarei, ao longo de algumas semanas, levar até si algumas memórias de actividades de outros tempos.
Porque as boas memórias deverão ficar preservadas no baú das nossas recordações e, de tempos a tempos, cuidadosamente retirá-las, arejá-las.... e carinhosamente partilhá-las... especialmente consigo.
20.01.2007
Montanheiros da Adefacec em Vila Real de Trás-os-Montes.
Observada pelo Marão e protegida pelo Alvão, situa-se a cerca de 460m de altitude. Habitada desde o paleolítico, possui vestígios de povoamentos posteriores como o Santuário de Panóias (M.N.) Trata-se de um Santuário pagão rupestre da época romana e único em toda a Península Ibérica. D. Diniz em 1289 atribuiu-lhe foral, sendo assim fundada Vila Real de Panóias, que mais tarde se tornará na cidade actual - Vila Real.
Foi numa manhã de Janeiro, com raios de Sol a lembrar um dia primaveril, que aos poucos foram chegando cerca de doze dezenas de pedestrianistas. O local de encontro seria a Escola Diogo Cão, em homenagem ao ilustre marinheiro nascido na cidade e que no séc. XV descobriu a foz do rio Zaire.
Esta marcha, idealizada pela Adefacec e realizada em 20 de Janeiro, marcou o início da actividade de montanha de 2007. A organização contou também com valiosos apoios de particulares, entidades e organismos locais.
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Esta marcha, idealizada pela Adefacec e realizada em 20 de Janeiro, marcou o início da actividade de montanha de 2007. A organização contou também com valiosos apoios de particulares, entidades e organismos locais.
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Dadas as boas vindas aos presentes, procedeu-se seguidamente aos derradeiros ajustes do equipamento. A fugaz ansiedade dos primeiros passos foi literalmente interrompida pela beleza observada, dando-se automaticamente como que um reajustamento entre o corpo e a alma, o ser e o sentir. Assim, da rapidez dos primeiros passos, transitou-se magicamente para um calmo, meticuloso e sábio andamento!
O serpentear do rio com o seu bucólico canto, misturava-se com os acordes das aves que saltitavam por entre ramos de tons cinza, amarelos, castanhos, contrastando com o verde forte de viscosos jardins, lembrando celestiais prados…
Estávamos na presença do rio Corgo, que rasgando a capital de Trás-os-Montes, lhe deu vida, e bem no interior da cidade, que abraça o rio, lhe ofereceu a sublimidade da sua beleza! No limite das suas margens, choupos, freixos, amieiros e salgueiros, debruçam-se sobre o seu leito, lembrando subservientes servos que prestam a última vassalagem ao seu rei.
Uma referência positiva e bem agradável ao arranjo urbanístico que ladeia as margens do Corgo, desde a ponte da Timpeira até à Vila Velha. De facto, salienta-se e enaltece-se a valorização de toda esta área, com zonas de lazer, espaços verdes, recuperação de moinhos e sobretudo todo o percurso pedonal que agradavelmente nos proporciona várias travessias sobre o rio. De salientar que, foi precisamente no Corgo, designadamente no poço do Agueirinho, construída e inaugurada, em 1894, a Central Hidroeléctrica do Biel. Vila Real, foi assim a primeira cidade do país, a ter energia eléctrica fornecida por uma central hidroeléctrica.
Atravessando a ponte de Santa Margarida em pleno Bairro dos Ferreiros, prosseguimos pelo caminho das alminhas, encosta acima, até chegarmos ao centro da cidade e retomarmos novamente o percurso pedonal que nos levaria até à foz do rio Cabril (afluente do Corgo)
Passamos junto à Câmara Municipal e pela casa onde, na segunda metade do séc. XV nasceu Diogo Cão. Também bastante apreciada foi a casa dos Brocas, construída pelo avô de Camilo Castelo Branco e na qual este grande vulto da literatura portuguesa viveu durante algum tempo. Ainda pudemos apreciar a Sé, o Pelourinho e a igreja dos clérigos ou capela nova. Belíssima construção de traço barroco, cuja autoria é atribuída ao arquitecto Nicolau Nasoni.
O local escolhido para descansar um pouco e saciar o estômago, foi o famoso e encantador e histórico Jardim da Carreira. Neste magnífico espaço construído em 1871 no coração da cidade, vislumbramos além de árvores e arbustos de rara beleza, um magnífico coreto ladeando um granítico lago, preenchido com um encantador chafariz. Bem perto, realçamos o imponente e majestoso parque florestal, considerado por muitos, como um verdadeiro pulmão da cidade!
No museu de arqueologia e numismática, constituído sobretudo por artefactos que identificam e ilustram presenças na região de antigas civilizações, destacamos uma maqueta, daquele que seria o Santuário rupestre de Panóias. No sector da numismática, podemos observar entre outras, grandes colecções de moedas romanas, gregas e visigóticas.
No convívio, que encerrou a actividade “com chave de ouro” a organização presenteou os participantes com algumas iguarias da região. Assim, entre dois passos de conversa e muitas montanhas pelo meio, foram degustados os afamados pitos de Santa Luzia, as deliciosas cristas de galo e a saborosa e incomparável bola de carne.
Texto e fotos: F. Beça
Texto e fotos: F. Beça
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Parque Florestal |
Parque do Corgo. Ao fundo o Dolce Vita |
Parque Florestal |
O Pelourinho |
Centro da Cidade |
Jardim da Carreira |
Museu |
Convívio na Escola
Ao fundo o Corgo |
Os moinhos (exterior) |
Moinho (interior) |
Os montanheiros - Coreto do Jardim da Carreira. |
Promoção de comportamentos de vida saudável e feliz!
Adefacec2012
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