sexta-feira, 13 de julho de 2012

Memórias - XI Festa do Cogumelo e da Castanha - Amarante 29 e 30 de Outubro de 2005


Sempre que a disponibilidade o permita, tentarei, ao longo de algumas semanas, levar até si algumas memórias de actividades de outros tempos.
Porque as boas memórias deverão ficar preservadas no baú das nossas recordações e, de tempos a tempos, cuidadosamente retirá-las, arejá-las.... e carinhosamente partilhá-las... especialmente consigo.




XI Festa do Cogumelo e da Castanha
Amarante 29 e 30 de Outubro de 2005




Aquando da divulgação da XI Festa do Cogumelo e da Castanha, promovida anualmente pela Associação Aventura da Saúde e este ano organizada pela recém-criada Associação Luso-Polaca – que pretende desenvolver e promover a cooperação entre Portugal e Polónia, designadamente a nível das relações culturais, científicas, sociais e económicas – nunca se imaginou que este evento superasse largamente as expectativas criadas, tendo-se afirmado como um êxito absoluto a todos os níveis.

Espreitando o Ôlo e debruçada sobre o Tâmega, com casas airosas, ruas estreitas e íngremes, por onde entre pequenos socalcos se cultiva a vinha, a oliveira, o milho, a batata e onde notoriamente sobressai a afabilidade das suas gentes – Rebordelo – foi o local eleito para se dar início à XI Festa do Cogumelo e da Castanha.

Foi numa sala decorada, minuciosamente, com artigos produzidos e manufacturados na região e sobre a temática do Cogumelo, que a palestra, para uma atenta e repleta plateia, seria conduzida com mestria e  paixão pela bióloga Dra. Rita Serra. Foram dissecadas todas as potencialidades do cogumelo, as suas várias utilidades, assim como os cuidados a ter, obviamente  inserido, adaptado e em consonância com o meio ambiente, onde o Homem, fazendo parte integrante do ecossistema, ocupa inevitavelmente e por direito próprio, o seu centro.

Sempre uma agradável e quase “imprescindível” presença nestes eventos, não gostaríamos de deixar de assinalar e referir, mais uma vez, o espectacular grupo dos Restauradores da Granja de Fafe.

Ainda a interiorizar o fascínio dos conhecimentos entretanto adquiridos, sobre a complexidade, diversidade e aproveitamento do cogumelo, chegou o momento de se iniciar a recolha dos cogumelos pela floresta circundante, a par da marcha guiada de montanha, a qual tive o privilegio de a conduzir. Nem a incerteza de uma dignificante recolha, nem a chuva que intensamente caía, impediram que cerca de cento e setenta montanheiros/pedestrianistas fizessem os últimos ajustes no equipamento e iniciassem, convicta e alegremente as respectivas actividades.

Rasgando caminhos por aceiros onde, lentamente a resina brotava por golpeados pinheiros, constituindo uma fonte de riqueza e mais-valia para a região, ainda podemos observar peculiares exemplos de cogumelos. Numa zona de carvalhos, plátanos, castanheiros e cedros, vislumbrámos, em tons amarelos e encarnados, coloridos medronheiros. A noroeste da casa da floresta, situada numa zona alta e no limite do Douro Litoral, podemos verificar a confinidade deste com os Distritos de Braga e Vila Real de Trás-os-Montes.

Depois de uma breve pausa onde, “num pé de conversa”, saciamos os estômagos e reequilibramos energias, prosseguimos a caminhada em direcção a Vieiros. Tivemos oportunidade de visitar algumas galerias do complexo mineiro, donde o homem, noutros tempos, extraiu das entranhas da terra volfrâmio e muito estanho. Sem dúvida que esta visita revestiu-se de especial interesse por parte de todos os pedestrianistas.

Animados pelo Grupo de Bombos de Santo Estêvão” de Vila Chã do Marão, que nos presenteou com a sua música durante o enorme magusto, tivemos o privilégio de vermos, em pleno funcionamento, um alambique de aguardente e ainda, na rusticidade do espaço, um magnífico exemplar de lagar de azeite! Tanta emoção para um só dia!

Sendo o seu nome mencionado em 1129, aí viveu S.Gonçalo no sec. XIII. Antiga, castiça, possui valores artísticos e históricos como a ponte sobre o Tâmega, datada do sec. XVIII, diversos palacetes, que foram todos incendiados pelos invasores franceses, excepto um – o dos Vanzeleres – que seria poupado em troca de guarida para as tropas napoleónicas. A igreja e o convento de S.Gonçalo, fundado em 1540 e a sua valiosa biblioteca-museu onde são recordados, entre outros, ilustres artistas e filhos da terra, como Sousa Cardoso e Teixeira de Pascoaes. Apresentando ao mesmo tempo um certo ar minhoto e pirinaico, constitui um dos pontos obrigatórios de passagem do vale do Tâmega para as terras transmontanas. Cidade portuguesa do distrito do Porto, sede de concelho e comarca, sóbria mística e encantadora – Amarante

...E foi bem juntinho ao rio, quase o beijando, que prosseguiu no Domingo, dia 30 de Outubro, no mercado municipal, a XI Festa do Cogumelo e da Castanha. Num espaço que não é o mais adequado (para quando um pavilhão multiusos?) a organização, com muita imaginação e arte, encontrou maneira de o transformar num local aprazível!

Sempre a castanha e o cogumelo como pano de fundo e, enquanto se saboreava a primeira e se degustava um pouco de vinho verde, disponível nos vários stands de produtores da região, apreciava-se a exposição de cogumelos, tirando dúvidas com os especialistas na matéria.
Embelezando mesas decoradas com carinho e paciência, apreciávamos variados produtos regionais, donde realçamos a doçaria conventual.

O stand da Associação Luso/Polaca ocupou dignamente um lugar de destaque no evento, num espaço onde poderíamos ver divulgados, em brochuras e fotografias, os seus usos e costumes, o potencial turístico, a Ciência, a Arte, etc. Tivemos, ainda, oportunidade de ver confeccionar e provar uma maravilhosa sopa de cogumelos, uns suculentos “Pierogi Polacos” e uns nutritivos “Bigos”. Nunca é demais referir toda a doçura, simpatia e simplicidade que encontramos nestes Polacos, adquirida ao longo da sua bem longa história. Reflectindo alguma dor, sofrimento e lágrimas, mas também uma enorme alegria de viver, diluída numa irresistível força interior de amor e esperança, só ao alcance deste nobre e magnífico povo!
Texto e fotos: F. Beça
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