SERRA DA CABREIRA
TRILHO PEDESTRE DAS PAPAS
Foi no Alto Minho, limite com Trás-os-Montes e bem no interior da mítica e deslumbrante Serra da Cabreira que se deu início a mais uma marcha organizada pela secção de montanha da Associação Desportiva da Efacec - ADEFACEC.
Uz – aldeia de minúsculo nome mas que guarda enormes e ancestrais tradições, foi a terra onde iniciámos mais este evento. Com um pouco de chuva e frio, botas bem apertadas, mochila às costas, gorros, luvas e impermeáveis, cerca de três dezenas de montanheiros - com grande vontade para caminhar – meteram os pés ao caminho.
Por entre trilhos tradicionais fomos presenteados com uma enorme mancha de vidoeiros e de carvalhais! Urze, pinheiro bravo e bétulas, adornavam um encantador quadro, donde sobressaíam esplendorosos chamaecyparis.
Neste trilho planáltico, vislumbrando terras de Basto, onde o corço, o javali, a perdiz, o coelho, a raposa e o lobo fazem dele o seu habitat natural, podemos também admirar aves como o milhafre, a coruja, a águia-d’asa-redonda, o falcão e o gato bravo.
No alto da Meijoada deparámos com vestígios de um fojo de lobo (fojo de Uz).
Com a boa disposição sempre a marcar presença, chegámos à bela, granítica e acolhedora aldeia de seu nome Samão. Anual e alternadamente entre Samão e Gondiães, faz-se a tradicional festa das papas. Conta a tradição que foi do reconhecimento do povo pelo fim das pestes e fome que assolaram estas aldeias, que é feita esta romaria em honra de S. Sebastião. Aos peregrinos e em típicos carros de bois, é oferecido pão de centeio, vinho, carne de porco e papas. Fomos brindados com uma visita à casa onde, religiosamente, são guardados todos os utensílios necessários para tal evento.
De repente o Sol faz a sua aparição! Tiram-se agasalhos! Abrem-se mochilas! Estava chegada a hora de saciarmos os nossos estômagos!
Retomamos a caminhada, contornando graníticos espigueiros, simbolizando e perpetuando anos de trabalho, amarguras, sofrimentos, mas também algumas alegrias. Alguns deles ainda escondiam, no seu interior, douradas espigas de milho – testemunhos vivos de um povo!
Bem à nossa frente, fomos surpreendidos com o encanto do Vale do rio da Ribeira de Gondiães. Para lá desse vale, avistámos, com alguma dificuldade, Terras do Barroso.
Depois de uma comprida, mas suave subida, eis-nos numa zona planáltica. Ficámos boquiabertos com o que vislumbrámos: um acastanhado, aveludado e uniforme tapete de folhas, aconchegando multicolores cogumelos que se perfilavam desordenadamente sob um homogéneo manto de bétulas e chamaecyparis! Encheu-se-nos a alma com tamanha beleza!
Foi com algum suor no corpo mas com muita emoção na alma que calmamente chegámos à aldeia de Uz.
Com a marcha na Serra da Cabreira, fecha-se mais um ano de ampla actividade desportiva de montanha, efectuada de norte a sul do país, pela Associação Desportiva da Efacec – secção de montanhismo.
Texto: F. Beça
Fotos: J. Ribeiro; F. Beça
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