sábado, 28 de julho de 2012

Memórias - Trilho das Papas - Serra da Cabreira - 2003




SERRA DA CABREIRA

TRILHO PEDESTRE DAS PAPAS



Foi no Alto Minho, limite com Trás-os-Montes e bem no interior da mítica e deslumbrante Serra da Cabreira que se deu início a mais uma marcha organizada pela secção de montanha da Associação Desportiva da Efacec - ADEFACEC.

Uz – aldeia de minúsculo nome mas que guarda enormes e ancestrais tradições, foi a terra onde iniciámos mais este evento. Com um pouco de chuva e frio, botas bem apertadas, mochila às costas, gorros, luvas e impermeáveis, cerca de três dezenas de montanheiros - com grande vontade para caminhar – meteram os pés ao caminho.

Por entre trilhos tradicionais fomos presenteados com uma enorme mancha de vidoeiros e de carvalhais! Urze, pinheiro bravo e bétulas, adornavam um encantador quadro, donde sobressaíam esplendorosos chamaecyparis.

Neste trilho planáltico, vislumbrando terras de Basto, onde o corço, o javali, a perdiz, o coelho, a raposa e o lobo fazem dele o seu habitat natural, podemos também admirar aves como o milhafre, a coruja, a águia-d’asa-redonda, o falcão e o gato bravo.

No alto da Meijoada deparámos com vestígios de um fojo de lobo (fojo de Uz).

Com a boa disposição sempre a marcar presença, chegámos à bela, granítica e acolhedora aldeia de seu nome Samão. Anual e alternadamente entre Samão e Gondiães, faz-se a tradicional festa das papas. Conta a tradição que foi do reconhecimento do povo pelo fim das pestes e fome que assolaram estas aldeias, que é feita esta romaria em honra de S. Sebastião. Aos peregrinos e em típicos carros de bois, é oferecido pão de centeio, vinho, carne de porco e papas. Fomos brindados com uma visita à casa onde, religiosamente, são guardados todos os utensílios necessários para tal evento.

De repente o Sol faz a sua aparição! Tiram-se agasalhos! Abrem-se mochilas! Estava chegada a hora de saciarmos os nossos estômagos!

Retomamos a caminhada, contornando graníticos espigueiros, simbolizando e perpetuando anos de trabalho, amarguras, sofrimentos, mas também algumas alegrias. Alguns deles ainda escondiam, no seu interior, douradas espigas de milho – testemunhos vivos de um povo!

Bem à nossa frente, fomos surpreendidos com o encanto do Vale do rio da Ribeira de Gondiães. Para lá desse vale, avistámos, com alguma dificuldade, Terras do Barroso.

Depois de uma comprida, mas suave subida, eis-nos numa zona planáltica. Ficámos boquiabertos com o que vislumbrámos: um acastanhado, aveludado e uniforme tapete de folhas, aconchegando multicolores cogumelos que se perfilavam desordenadamente sob um homogéneo manto de bétulas e chamaecyparis! Encheu-se-nos a alma com tamanha beleza!

Foi com algum suor no corpo mas com muita emoção na alma que calmamente chegámos à aldeia de Uz.

Com a marcha na Serra da Cabreira, fecha-se mais um ano de ampla actividade desportiva de montanha, efectuada de norte a sul do país, pela Associação Desportiva da Efacec – secção de montanhismo.

Texto: F. Beça
Fotos: J. Ribeiro; F. Beça







































quinta-feira, 26 de julho de 2012

Gronelândia - Degelo sem precedentes.


NASA regista degelo sem precedentes na Gronelândia


Cientistas chegaram a duvidar da veracidade das imagens de satélites que mostram que uma enorme parte da camada de gelo da ilha desapareceu em apenas quatro dias, um fenómeno nunca antes visto.
Imagens de satélites que mostram a Gronelândia entre os dias 8 e 12 de julho e registam que o degelo saltou de 40% para 97% neste curto período. “Isto é tão extraordinário que a princípio eu questionei os resultados: é mesmo real ou a leitura está errada?”, afirmou Son Nghiem, investigador da agência espacial norte-americana (NASA).
O que levou Nghiem e outros cientistas a duvidarem do que estavam a ver foram imagens de três satélites que mostram a Gronelândia entre os dias 8 e 12 de julho e registam que o degelo saltou de 40% para 97% neste curto período.
É comum que a Gronelândia perca boa parte do gelo durante o verão, porém nunca antes havia sido registado um degelo tão rápido e extenso. A média das últimas três décadas é de 55%.
“Literalmente uma onda de calor varreu a região e derreteu tudo pelo caminho”, explica Tom Wagner, da NASA.
Outros centros de investigação foram consultados e todos confirmaram os dados da agência norte-americana.
“O degelo extremo coincide com uma série de ondas de ar quente, descritas como ‘redomas de calor’. Cada uma dessas ondas tem sido mais forte do que a anterior”, destacou Thomas Mote, da Universidade da Geórgia.
Este foi o segundo evento raro visto na Gronelândia nos últimos dias. Na semana passada um iceberg de 119 quilómetros quadrados, duas vezes o tamanho de Manhattan, desprendeu-se do glaciar de Petermann. (ver notícia em Instituto CarbonoBrasil)
O verão de 2012 está tão intenso, que mesmo na área ao redor da chamada Estação de Encontro, que fica mais de dois quilómetros acima do nível do mar, existem sinais de degelo, algo que não acontecia desde 1889.
“Houve períodos em que o degelo pode ter ocorrido a essa altitude, mas apenas por um ou dois dias. Agora, um derretimento com essa extensão, por toda a Gronelândia, era desconhecido, com certeza nunca havia acontecido desde o início da monitorização por satélites”, salientou Jay Zwally, glaciologista da NASA, em entrevista ao jornal “The Guardian”.
Os investigadores não podem determinar se o degelo foi resultado de um raro evento natural ou das mudanças climáticas. Mas o que afirmam com certeza é que a camada de gelo está a ficar mais fina a cada ano devido ao aquecimento global.
“Quando vemos um fenómeno assim, nunca observado antes, somos obrigados a parar e pensar: o que está a acontecer? É um sinal que temos que analisar e entender nos próximos anos”, declarou Waleed Abdalati, chefe dos investigadores da NASA.
Artigo de Fabiano Ávilapublicado em Instituto CarbonoBrasil

Adefacec2012
Promoção e comportamentos de vida saudável e feliz!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Memórias - XII Marcha da Primavera - Chamusca - Março 2004




Montanheiros da Adefacec em Chamusca
XII marcha da Primavera

27 Março de 2004

Segundo a lenda, no Castelo de Almourol vivia um casal mouro que tinha uma filha de nome Ari tendo-se apaixonado por um rapaz cristão. Os pais para impedirem que a sua filha fugisse, pearam-na (pear: atar uma corda à perna, presa a outro objecto). É com a lenda de Ari peada que surge o nome de Arripiado.

E foi nesta aldeia debruçada sobre o Tejo, com casas brancas, ruas estreitas e íngremes, embelezada em todos os cantos por flores...muitas flores, que as entidades organizadoras – C.I.M.O Clube Ibérico de Montanhismo e Orientação e a F.P.C.M. - Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, elegeram, para aí se dar inicio em 27 de Março de 2004 a “XII Marcha da Primavera”.

No cais fluvial do Arripiado e bem junto àquele que é o maior rio da Península Ibérica - o Tejo - reuniram-se mais de cem montanheiros/pedestrianistas chegados de muitas regiões do país, onde destacámos a enorme e sempre simpática representação dos montanheiros da Adefacec.

Com a luminosidade própria de um dia primaveril, onde nem a brisa fria foi impeditiva da boa disposição, procederam-se aos derradeiros ajustes ao equipamento, antes de iniciarmos a caminhada pela freguesia de Carregueira, pertencente ao Concelho da Chamusca.

Dados os primeiros passos, fomos “brindados” pela frugalidade de floridos pessegueiros, na imensidão de belos laranjais, contrastando com a frialdade de desbotados canaviais.

Entre a charneca e a lezíria, num trilho arenoso ladeado por eucaliptos e pinheiros, mais além ziguezagueando por um verdejante tapete de erva, donde espreitavam tonalidades variadas de flores campestres, torneámos imponentes sobreiros, também eles observados em elípticos voos, ensaiados por tordos, piscos e milhafres!

Nesta terra, onde o Tejo se deita, tradicionalmente ligada à criação de cavalos e toiros de lide, com predominância para a agricultura e a silvicultura, foi fustigada, no verão passado por violentos, cruéis e devastadores incêndios. Esses fogos dizimaram cerca de 400 dos 750 km2 do Concelho! O espírito desta marcha, também foi o de transmitir a nossa solidariedade, deixando uma mensagem de carinho e sobretudo de esperança para as suas gentes.

Depois de “absorvidos” os dezassete quilómetros do percurso, quis a autarquia local presentear-nos com uma deliciosa prova de produtos regionais. A beleza do local escolhido – o miradouro do Castelo de Almourol - ombreava com a qualidade da gastronomia regional!
Neste evento do calendário nacional, o C.I.M.O esteve irrepreensível, tendo-se notado a ausência de um representante da Federação.

Assim e da melhor forma possível terminámos esta jornada bem no coração do distrito de Santarém – Arripiado, aldeia do Tejo.
Texto: F.Beça

Clique para ampliar

















Promoção de comportamentos de vida saudável e feliz!
Adefacec2012