sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Laços, Raizes i Ancantos - Inscrições Encerradas

Em menos de uma semana tivemos uma admirável afluência de participantes para o nosso grande Evento de montanhismo/pedestrianismo em Miranda do Douro.
Neste momento, já ultrapassamos os 60 montanheiros/montanheiras que vão ter o privilégio, no fim-de-semana de 19/20 de Fevereiro, conhecerem um pouco melhor umas das mais característica, emblemática e encantadora Região e porque não dizê-lo, cidade do país.

*** As inscrições para o "LAÇOS, RAIZES I ANCANTOS" Encontram-se ENCERRADAS ***

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Laços, Raizes i Ancantos - Programa e Inscrições

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Designação: Laços, Raizes i Ancantos.
Data: 19 e 20 de Fevereiro.
Local: Miranda do Douro
Organização: Adefacec; Mirandanças.
Apoio: Câmara Municipal de Miranda do Douro.
PROGRAMA

Sábado, dia 19 de Fevereiro:

07:45: Saída do Parque C da Efacec Arroteia.
Viagem em autocarro até Miranda do Douro (Paragem p/pequeno almoço)
12:30: Previsão de chegada a Miranda do Douro. Almoço livre.
14:00 Percurso guiado pelas principais arterias da cidade muralhada visitando o Museu da Terra de Miranda, o Castelo, a imponente Sé Catedral e seus jardins, o Paço Episcopal, a antiga Igreja dos Frades Trinos - actualmente a biblioteca municipal - a Igreja da Misericórdia, a Igreja de Santa Cruz, a Rua da Costanilha, o Castelo de Miranda do Douro, as Ruínas das Muralhas, o Penedo Amarelo com o 2 e a barragem de Miranda do Douro.
15:30: Passeio de barco panorâmico, no Douro internacional, até às Arribas do Douro. (16€/ participante)
20:00:Jantar regional no multiusos. Animação com gaiteiros, tamborileiros e claro os famosos pauliteiros. A lhéngua mirandesa e a música tradicional vão ser uma constante ao longo do XII Festival de Sabores Mirandeses.

Domingo, dia 20 de Fevereiro:

09:30: Marcha guiada "Fraga Amarielha"
13:00: Almoço no Multiusos com animação (Integrado no programa da XII Festival de Sabores Mirandeses)
Tempo livre.
16:30: Regresso ao Porto.

Dormida:
Possibilidade 1:
Centro de acolhimento juvenil do Barrocal do Douro.
Cada quarto tem 2 beliches para 4 pessoas com casa de banho privativa, aquecimento, roupa de cama e toalhas.
Preço por quarto:
20 Euros (5,00 Euros/pessoa)
Garantimos o pequeno almoço.

Possibilidade 2:
Hotel Turismo.
P.f. Clique em: http://www.hotelturismomiranda.pt/
Situado em pleno centro da cidade de Miranda, possui as melhores condições que um bom hotel pode oferecer.
Preço:
Quarto de casal: 35,00 Euros
....."... individual: 25,00 Euros.
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*** A organização tratará das reservas nestes dois locais propostos. ***
Data limite das inscrições: 11 de Fevereiro (Sexta- Feira)
Sócios :.. 20 Euros.

Taxa de inscrição:

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Taxa de inscrição SEM transporte:
Sócios ....... 10,00 Euros
N/ Sócios.... 20,00 Euros
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Numero limite de inscrições: 60
No ato da inscrição deverão ser depositados, no NIB da Adefacec, 50% da totalidade da taxa.Os restantes 50% deverão dar entrada até ao dia 11 de Fevereiro.

NIB da Adefacec:
0033 0000 45283564197 05
Emails:

secretaria.adefacec@efacec.com
manuel.maia@efacec.com
f.beca@efacec.com
.Contactos telefónicos:
917449907; 917159204; 229562433
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Nota: Por ajustamentos ou imprevistos, os horários podem ser ligeiramente alterados.
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Tierra de giente buona, Miranda, ye mui probabelmente, ua de las mais guapas cidades de Pertual


Promoção de comportamentos de vida saudável e feliz.
adefacec2011.

N/Sócios: 30 Euros.

Menores de 12 anos: 50% de desconto na taxa de inscrição.

Taxa de inscrição inclui:
- Transporte: Porto/Miranda e regresso, assim como todas as deslocações na região.
- Jantar de Sábado no Multiusos (Integrado no programa do XII Festival de Sabores Mirandeses)
- Lembrança regional.
- Enquadramento e documentação técnica/logística.
- Visita guiadas pelas principais artérias da Cidade, incluindo a Sé Catedral e o Museu da Terra de Miranda.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Laços, Raizes i Ancantos - Ls Anchidos Mirandeses

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A importância dos bons enchidos Mirandeses.
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Aqui revelam-se sabedorias seculares, usos, costumes e sobretudo, imaginação que, as mais das vezes, nos fazem sentir o pulsar de uma vida, de uma família, de uma região…. Sabendo que muitos dos nossos visitantes vêm ao nosso Concelho com o objectivo de descobrir a nossa gastronomia, a autarquia de Miranda do Douro, apresenta esta publicação que recolhe uma relação dos pratos típicos da região. Convidamos todos aqueles que lêem este roteiro, que ponham em prática as variadas receitas da cozinha tradicional mirandesa que apresentamos, para recordarem com os seus cinco sentidos as sensações que viveram no nosso Concelho. Sustentada pelo gostinho apurado dos condimentos regionais, a gastronomia faz bom jus à sua fama: é da melhor e mais saborosa do País! Vinhos e petiscos quanto baste. Pratos típicos a espevitar as papilas gustativas. Aperitivos líquidos digestivos. Sabores intensos de origens vegetais ou animais. A carne. Os produtos hortícolas vindos das hortas familiares, as carnes autóctones. As doçarias - uma tentação. De origem árabe ou de cariz conventual. Todas elas de sabores e gostos apuradíssimos, de irresistível aspecto e cheiro, provocadores de deliciosos "pecados". Não há restaurante que se preze que não ostente o seu prato típico o seu melhor prato. No Concelho de Miranda é sempre difícil a escolha, aqui os pratos típicos aliciam-nos e"baralham" as dietas... Quando se sentar à mesa num dos muitos restaurantes do Concelho, esquecer-se-á do relógio e render-se-á aos prazeres da gula. Para abrir o apetite, aqui ficam alguns pratos da nossa cozinha tradicional: Posta à Mirandesa, cordeiro assado na brasa, bacalhau assado, … bola doce … tudo bem regado com o vinho da região.
Os enchidos, fazem parte de um saber encestral das nossas donas de casa, puro e genuíno, incomparável na mestria e no cuidado com que preparavam os enchidos regionais que ao longo do ano faziam as delícias dos convidados em dias nomeados. Soubemos preservá-lo e traze-lo até aos nossos dias.
O fumeiro dispensa apresentações, até porque seria impossível reproduzir fielmente através das palavras, tão nobre sabor, apenas conseguido com os saberes transmitidos ao longo dos tempos e com a
elevada qualidade das matérias primas utilizadas na sua confecção.
Resta-nos convidar-vos a desfrutar das variedades gastronómicas, culturais e recreativas que este Concelho tem para vos oferecer.
No fim-de-semana de Carnaval, Miranda do Douro coloca à disposição dos seus visitantes aquilo que de mais tradicional possui, no Festival de Sabores Mirandeses.

Temos artesãos com trabalhos genuinamente do concelho e paralelamente encontram-se os postos de vendas de produtos regionais geralmente ligados ao porco. Este fumeiro distingue-se do de outras regiões desde logo porque aquando dos temperos em vez de vinho como se faz em muitos locais, é usada água.


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Fonte:Câmara Municipakl de Miranda do Douro.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Laços, Raizes i Ancantos - La Cápia D'onra Mirandesa

CAPA DE HONRA DE MIRANDA DO DOURO
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Capa de Honra, essa peça de corte erudito, a mais nobre peça do Traje popular cuja confecção se chega a gastar 60 dias. Seria ela usada quase exclusivamente por pessoas com um nível de vida económico e favorável. Teremos de concordar que uma Capa de Honra é não só uma das peças mais nobres do Traje Português como também uma das mais ricas e dispendiosas. A amplitude da capa de honras indica uma razoável capacidade económica do seu utilizador para a poder mandar fazer ou adquirir, uma vez que esta peça necessita de 10 metros de burel (tecido de lã pisoado). Estamos perante um dos trajes regionais mais ricos. Do decote nasce a capa, a sobrecapa e o capuz. A capa é comprida e ampla, cortada em viés, aberta na frente. A sobrecapa desce até à zona do cotovelo sendo toda bordada e pespontada. Termina em franjas largas. O capuz, com capeto, inteiramente bordado, termina numa larga faixa, denominada Honra, cujo tamanho é representativo da riqueza e importância do utilizador. Esta também é bordada e pespontada, rematada com uma franja. A Capa de Honra era também usada pelos boieiros, que a utilizavam não só como protecção do frio e da chuva, mas também para se deitarem sobre ela enquanto andavam nas suas fainas. Qualquer pessoa possuía a matéria prima para a confeccionar - o Burel - e o labor do alfaiate era muitas vezes, compensado em géneros ou jornas. Estas capas eram menos trabalhadas, menos bonitas, menos perfeitas, menos cuidadas, pois passou a ser uma peça de uso quotidiano - passando a Capa de Honra a ser simultaneamente traje de trabalho e de festa, conferindo-lhe um duplo sentido de dever e da honra.
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Promoção de Comportamentos de vida saudável e feliz.
Adefacec2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Laços, Raizes i Ancantos - Adonde drumir - 18/19 de Febereiro - Miranda de l Douro

Barrocal do Douro: No Douro selvagem constroi-se "a cidade ideal”


Há mais de 50 anos o jovem arquitecto Archer de Carvalho foi enviado ao Douro Internacional para projectar uma barragem que marca a história da arquitectura moderna - A Barragem do Picote.

Aldeia guarda verdadeiros tesouros arquitectónicos únicos no País.


Barrocal do Douro é o que resta de uma aldeia única no País, que ousou ser projectada como uma espécie de cidade ideal. Luxuosa e inigualável, foi concebida, na década de 50, por três jovens arquitectos da Escola de Belas Artes do Porto, que para alojar os milhares de trabalhadores das barragens de Picote, Bemposta e Miranda do Douro, conseguiram transformar as Arribas em verdadeiras obras de arte. Além de bairros diferenciados, destinados aos operários e engenheiros, a localidade contava com uma pousada, piscina e campo de ténis que eram utilizados pelos quadros superiores da empresa. O Barrocal do Douro dispunha, ainda, de um variado leque de serviços, como estação de correios, posto médico, padaria, mercado, refeitório, café e centro de comando e ainda um centro comercial! Outra curiosidade era possuir uma estação de tratamento de água (ETA). Em termos arquitectónicos, o edifício que mais sobressai é a capela de traço vanguardista, que combina com o resto das infra-estruturas projectadas há mais de meio século por Archer de Carvalho, Nunes de Almeida e Rogério Ramos. Mas, se a modernidade, ousadia e criatividade se reflecte nesta aldeia da freguesia de Picote (Miranda do Douro) a degradação também toma conta de bairros e equipamentos, retirando-lhe brilho e beleza. Mesmo assim, mantém a classificação de Património Nacional, atribuída pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). Sinais de abandono chocam qualquer turista ou habitante. Tectos que abatem, janelas e vidros partidos, persianas desfeitas, vegetação sem controlo, que outrora dava vida a jardins minuciosamente pensados e cuidados, são, apenas, alguns dos sinais de abandono que chocam qualquer turista ou habitante. Contudo, a EDP está a levar a cabo trabalhos de remodelação e requalificação da Pousada que acolheu, em tempos, quadros da empresa e respectivas famílias. As obras estão em curso e reacendem a esperança das poucas dezenas de habitantes que resistem no Barrocal do Douro. “Disseram-nos que a Pousada vai ser utilizada para fins turísticos”, adiantou Margarida Vale, uma habitante local. Apesar do optimismo, o presidente da Junta de Freguesia de Picote, Luís Preto, desconhece as intenções da EDP. “Não sei se vão incentivar ou investir no turismo. Fomos esquecidos e os edifícios deixaram de ser mantidos há muito tempo”, lamenta o autarca. Para já, a certeza é só uma, e entristece Luís Preto. “O Barrocal do Douro era como um bairro de luxo. Em todo o distrito não havia nenhum parecido ou com as mesmas condições”, recorda o presidente da Junta.
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Um dos vários túneis e Pousada (também conhecida por "Estalagem" )

Piscina e Capela

Correios e Escola


Casa dos Engenheiros e Bairro definitivo

Barragem a descarregar e início da obra


ETA (estação de tratamento de água) e leito do rio - 1955


Tunel e Edifício central (barragem)

Inauguração e contrafortes

E Será nesta aldeia, que outrora foi considerada como a "Cidade Ideal" que pernoitaremos, num moderno Centro de Acolhimento Juvenil (Neste edifício agora reabilitado e reconvertido em centro de acolhimento, funcionava o Centro Comercial da "Cidade Ideal") - O Centro de Acolhimento Juvenil do Barrocal do Douro.

Todos os quartos têm casa de banho privativa.

Têm igualmente toalhas e roupa de cama.

Todos têm aquecimento.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Laços, Raizes i Ancantos - Poema Original em Mirandês

Duos Lhénguas
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Andube anhos a filo cula lhéngua trocida pula
oubrigar a salir de l sou camino i tener de
pensar antes de dezir las palabras ciertas:
ua lhéngua naciu-me comi-la an merendas bubi-la an fuontes i rigueiros
outra ye çpoijo dua guerra de muitas batailhas.
Agora tenso duos lhénguas cumigo
i yá nun passo sin dambas a dues.
Stou siempre a trocar de lhéngua mei a miedo
cumo se fura UC caso de bigamie.
Da sabe cosas que l’outra nun conhece
ríen-se ua de l’outra fazendo caçuada i a las bezes anrábian-se
afuora esso dan-se tan bien que sonho nas dues al mesmo tiempo.
Hai dies an que quiero falar ua i sale-me la outra.
Hai dies an que quedo cun ua deilhas tan amarfanhada que se nun la falar arrebento.
Hai dies an que se m’angarabátan ua an la outra
i apuis bótan-se a correr a ber quien chega purmei
roi muita beç acában por salir ancatrapelhadas
i a mi dá-me la risa.
Hai dies an que quedo todo debelgado culpas palabras por dezir
i ancarrapito-me neilhas cumo ua scalada
i deixo-las bolar cumo música
cul miedo que anferrúgen las cuordas que las sáben tocar.
Hai dies an que quiero traduzir ua pa la outra...
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Amadeu Ferreira

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Laços, Raizes I Ancantos - A Lingua Mirandesa

Quem cruzar as ruas de Miranda do Douro, na expectativa de ouvir falar mirandês, poderá não o encontrar com muita facilidade. Com efeito, há cerca de quatro séculos que esta língua terá deixado de se falar na cidade, tornada episcopal em 1545 e alguns antes elevada a sede de comarca, sofrendo, por isso, um forte crescimento económico e demográfico, o que terá contribuído decisivamente para a substituição do mirandês pelo português. Assim, o mirandês viu-se acantonado nos pequenos centros, sendo aí que mais se pode ouvir esta língua, filha do latim e moldada pelas gerações que há muitos séculos habitam o extremo sul do vasto território onde se falou o asturo-leonês. Por outro lado, os seus falantes, cujo número rigoroso é difícil de determinar, sempre se habituaram a falar "grave" (nome dado ao português) na presença de forasteiros, reservando o mirandês para situações mais intimistas.
Mas o mirandês está a regressar serenamente à cidade. Trazido pelos habitantes das aldeias que vão abandonando os pequenos centros rurais e utilizado, ainda que ao abrigo dos sobranceiros ouvidos citadinos, em situações comunicativas diversas. Por outro lado, é a cidade que agora se orgulha de ostentar a toponímia em mirandês, colocando igualmente painéis informativos, diante dos seus monumentos mais emblemáticos, na língua que é também sua.
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O falar mirandês cresceu com a Terra de Miranda, herdeira das antigas divisões administrativas leonesas. Contudo, nas entranhas dos seus castros, dispostos sobranceiramente sobre as escarpas do Douro, há vestígios arqueológicos, históricos e, naturalmente, linguísticos, de outros povos pré-romanos que habitaram a região. Lavradores, boieiros e pastores calcorrearam as arribas do Douro deixando na toponímia, nas expressões telúricas e metafóricas com que baptizaram as terras e as entranhas das fragas, as marcas indeléveis da sua passagem. Topónimos como Ourrieta, que significa concha de terra arável na montanha; Mamolas e Marmolinas, do megalítico; Castro e Castralhouço, da cultura dos castros; Canhada e Cardeinhas, nomes proto-históricos; Fraga de Proba Moços e Faia la Moça, que nos lembram antigas histórias e ritos; Rodielha e Carril Mourisco, nomes de antigas estradas romanas; assim como outras raízes ou elementos lexicais, atestam e confirmam os traços históricos dos povos que aqui viveram e mourejaram.
Esta civilização agro-pastoril, com fortes marcas comunitárias, tem-se mantido até quase aos nossos dias. E nem as falésias do Douro representaram um obstáculo intransponível para as gerações de trabalhadores, contrabandistas e aventureiros que calcorrearam as fronteiras rumo ao nascente, prolongando os laços seculares que nos unem às vizinhas regiões de Saiago e de Aliste.
O mirandês viveu, durante séculos, no seu estado natural, a fala. Embora as primeiras formas escritas se encontrem em documentos datados do século XII, só em finais do século XIX, pelas mãos de José Leite de Vasconcelos, a língua mirandesa viu a primeira tentativa de a fixar por escrito. No século XX encontramos muitos nomes que, à luz do filólogo, procuraram dar continuidade a esse trabalho de fixação do mirandês. Assinalem-se, sem pretensões de exaustão, os trabalhos de tradução realizados pelo Abade Manuel Sardinha, pelo Padre Francisco Meirinhos, assim como Bernardo Fernandes Monteiro. Para além destes, há que referir os nomes de autores e contadores mirandeses ou da região, como Bazílio Rodrigues, Francisco Rodrigues Brandão, Francisco Reis Domingues, Trindade Coelho que no teatro, na poesia, nas crónicas, foram dando forma a muitos textos que hoje fazem parte do património escrito da língua mirandesa.
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O mirandês interessou também muitos investigadores portugueses e estrangeiros. Na continuidade do já referido Leite de Vasconcelos cuja obra, Estudos de Filologia Mirandesa, publicada em dois volumes em 1900 e 1901, continua a ser uma referência para o estudo desta língua, há que referir outros nomes como Menéndez Pidal, Herculano de Carvalho, Leif SletsjØe, assim como Erik Staaff, cujos trabalhos são fundamentais para quem pretenda iniciar uma investigação sobre este idioma. Mas o século XX assistiu, sobretudo, ao trabalho extraordinário do vulto maior da língua e cultura mirandesas: António Maria Mourinho. Nas suas múltiplas facetas, de historiador, antropólogo e linguista, este investigador deu corpo a um vasto património – que hoje faz parte do Centro de Estudos com o seu nome, sedeado na Biblioteca Municipal – onde se procura estudar e dar continuidade ao seu trabalho em prol da língua e da cultura mirandesas.
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Para o último quartel do século XX, estavam reservadas as mudanças mais importantes na história da língua mirandesa. Entre outras, assinalamos a introdução no ensino (desde o ano lectivo 1987/88); a elaboração de uma norma escrita (a Convenção Ortográfica foi publicada em 1999); o reconhecimento político (através da Lei 7/99, de 29 de Janeiro, sem esquecer o Despacho Normativo n.º 35/99, de 5 de Julho de 1999 que regulamenta o direito à aprendizagem do mirandês); e os estudos científicos sobre a língua, quer em pequenos artigos quer nas teses universitárias que se têm produzido (nomeadamente na Universidade do Minho, Coimbra, Toulouse – Le Mirail e Salamanca), e a edição do Pequeno Vocabulário Mirandês - Português da autoria do Padre Moisés Pires. Estes factores terão contribuído, cada um à sua maneira, para a emergência de um renovado interesse pela língua e pela cultura mirandesas, cujas faces mais visíveis são também o nascimento de uma literatura em mirandês, a colocação de toponímia em quase todas as localidades linguisticamente mirandesas, o aparecimento em diversos órgãos de comunicação social, assim como de um prolífico conjunto de textos de dimensão realmente inusitada.
O mirandês interessa, em primeiro lugar, aos seus falantes, nomeadamente pelo valor simbólico de afirmação identitária, sendo inegável que a prática de uma língua local favorece também o desenvolvimento intelectual e a abertura para outras culturas. Por isso, o domínio da língua mirandesa tem ainda mais importância se considerarmos que a mesma constitui uma chave de acesso ao património comum das culturas que se exprimem através das línguas românicas, assim como o conhecimento destas culturas permite enriquecer a aprendizagem e o domínio da língua mirandesa. Importa assim reconhecer a língua e a cultura mirandesa não como um obstáculo à circulação da informação e das ideias, mas antes afirmar as vantagens que ela traz na abertura a uma dimensão regional da modernidade.
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Assim, se o futuro da língua mirandesa depende, em primeiro lugar, dos seus falantes, a sua continuidade está também relacionada com a existência de instituições e meios de transmissão como a escola e outras instituições. Apesar das transformações sociais concorrerem para a situação de precariedade em que se encontra a língua mirandesa, a realidade mostra-nos que esta ainda mantém a sua vitalidade, para a qual tem igualmente contribuído a política cultural da autarquia, nomeadamente no apoio à edição de variadíssimas obras em mirandês.
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Fonte: Câmara Municipal de Miranda do Douro.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Laços, Raizes i Ancantos - Lendas Mirandesas


L BURRO


Era ua beç Nosso-Senhor que habie criado l mundo i todos ls animales: las cabras, las canhonas, las bacas, ls cabalhos, ls cochinos, ls perros, ls gatos, ls liones, ls tigres, ls alifantes, ls ratos, las liberas, ls coneilhos, buno, todos, todos...

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Bai adespuis de ls abes criado, fizo-les passar todos por an pie del i iba-le ponendo a cada un sou nome: — Tu sós baca, tu sós bui, tu sós tubeira, tu sós carneiro, tu sós cordeirico — dixo pa l rapazico de la oubeilha — tu sós lion, tu sós cabalho, tu sós jumento, dixo pa l burro, i tu sós gato, i tu coneilho, i tu cabra, i tu chibo, i fui assi ponendo a todos l sou nome, até que se acabórun. Bai anton l jumento çqueciu-se-le l sou nome. Ida ls outros animales nun habien acabado de recebir ls sous nomes i yá l jumento staba a apertar culs outros para que le deixássen achegar-se a Nosso-Senhor para saber cumo se chamaba. Quando anton se achega a Nosso-Senhor, cun cara de asno a perguntá-le: — Oh meu divino Mestre, eu cumo me chamo que já se me esqueceu? Bai Nosso-Senhor anton puxou-lhes pulas oureilhas, até que se quedou cun las oureilhas grandes i dixo-le assi: — Tu és burro!... que já não te lembras do teu nome. I apuis l burro quedou-se a chamar burro i siêmpre cun las oureilhas grandes.


Tu és burro!