sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Machu Picchu - O misticismo dos seus encantos.

Os encantos e a mística de Machu Picchu


Machu Pincchu significa Velha Montanha



Bem lá no alto, onde não se imagina ser possível chegar, escondida entre as nuvens, como quem se esconde, tímida, para não ser vista por olhos alheios, envolta na neblina que carrega o frio e iluminada por poucos raios de sol que ultrapassam a cortina branca, estava escondida a cidade perdida.
Mística e transpirando história através de suas paredes, Machu Picchu, escrito em quíchua - língua dos incas -, significa "Velha Montanha". Esse foi o primeiro contato que tive com as ruínas que estão a 2.400 metros de altitude.

Há pouco mais de um século, em 1909, o caçador de tesouros e americano Hiram Bingham organizou uma expedição na Universidade de Yale, com o objetivo de encontrar as duas capitais desaparecidas do império inca, Viticios e Vilcabamba La Vieja, desde a morte do último Imperador Tupac Amaru. A expedição em busca do maior império inca contava com três guias, 50 muleiros quíchuas e 120 animais. A altitude dificultava a respiração e a presença de insetos era grande, quando Hiram encontrou diversas ruínas pelo caminho até chegar à ruína de Torontoy, onde os carregadores abandonaram a expedição por medo de atravessar o desfiladeiro com mil metros de profundidade. Os professores de Yale seguiram a viagem a pé. Hoje, o caminho percorrido pela expedição tornou-se um passeio turístico para os mais corajosos, sendo possível refazer todo o processo em quatro dias, pelas famosos trilhos incas. Esses trilhos são extensos e de difícil acesso, mas, ao longo do passeio, existem ruínas para serem apreciadas até se chegar ao pé da montanha de Machu Picchu.
No 12º dia de viagem, quando a expedição americana já não acreditava que encontraria algo, eles chegaram ao topo da montanha, onde foram recebidos com água por dois nativos que ali habitavam.
Majestosa e coberta de verde, assim era a cidade perdida que Hiram encontrou. Era possível notar o fino acabamento e a perfeição da arquitetura, mas o professor ainda não tinha ideia do que estava escondido por debaixo daquela vegetação. Após meses de trabalho para identificar todas as construções da cidade e os procurar por vestígios das pessoas que ali viveram, foi possível traçar um perfil do local e da cultura daquele povo.
Atualmente, a cidade perdida é a atração turística mais procurada e imperdível, e para chegar até o local, além da trilho histórico, é possível subir de autocarro até à entrada do parque.
Em Machu Picchu, construída para os nobres e bem no alto para que pudessem estar mais perto dos deuses, o encaixe perfeito das imensas pedras que formavam grandes salas é impressionante, uma vez que na época em que foram construídas não contavam com ferramentas práticas. As pedras eram polidas com outras pedras e transportadas através de rodilhas também feitas do mesmo material. A cidade tem as suas construções planeadas, como o templo do sol, que foi construído em homenagem deus Sol, posicionado de forma que durante todo o dia de 24 de julho, quando ocorre o solstício de inverno, a luz solar entre pela janela iluminando o templo. A construção permite ainda observar os conhecimentos dos incas em astronomia.
Baseados nesses conhecimentos foram construídos também os terraços para o cultivo da agricultura, posicionados de forma que recebessem a maior quantidade de luz possível, sempre em forma de "u" e em degraus, para o melhor aproveitamento da água que ali escorresse. Os alimentos cultivados permanecem até hoje na cultural local, como o milho e a batata, que são os principais componentes da alimentação peruana.
Bons arquitetos como eram, durante o passeio na cidade é possível notar calhas para a passagem de água, perfeitamente redondas e esculpidas nas pedras. O sistema de encanação leva água que vem das montanhas para os terraços e para todo o resto da cidade. Os conhecimentos não param por aí: a praça da cidade, onde ocorriam as festas e comemorações da época inca, foi construída de forma que a acústica fosse perfeita. Qualquer som projetado da praça pode ser ouvido perfeitamente de qualquer lugar em volta do local, rodeado por terraços e jardins floridos. Ao chegar ao lugar, pode-se testar sua acústica e perceber a distância enorme que o som percorre sem ocorrer nenhum ruído ou falha até chegar a todos os cantos da praça.
Os templos e casas dos nobres foram construídos com perfeição e simetria no encaixe das pedras, com salões amplos e todos com mais de um altar para oferenda aos deuses, já que os incas eram politeístas. Há ainda salas com mesas para sacrifícios que apontam a crença na vida após a morte, e salas construídas de forma que se ouça o próprio som, projetadas a meditação e purificação. A sala de meditação é uma das mais visitadas. São inúmeras as pessoas que se colocam em frente às paredes e encaixando as suas cabeças entre as pedras, reproduzem o som da meditação "aum" e, assim, escutam a sua própria acústica. Mas vale lembrar que isso só funciona para os homens, devido ao
timbre grave da voz
O povo inca, por meio das paredes e objetos que deixaram para trás, conta a sua história de maneira intrigante. Ao ver tamanha grandiosidade e perfeição nas suas criações, devoção e crenças nos seus deuses, estratégias de plantio, sistema de calha, fortalezas militares e toda uma vida com conhecimentos milenares que utilizamos até hoje, é curioso e quase impossível ao visitante não se questionar sobre o facto dessa civilização ter abandonado a cidade perdida sem nenhuma explicação aparente.
Machu Picchu encontra-se na província de Urubamba, a 130 quilômetros da cidade de Cusco, antiga capital dos incas, mundialmente famosa pelas ruínas que compõe uma cidade inteira e conhecida pela misticidade que transmite. Cusco é considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO, e também eleita como uma das sete maravilhas do mundo.



Notícia publicada na edição de 22/10/13 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 007 do caderno Turismo.

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